terça-feira, 20 de janeiro de 2009

Música nacional mais pobre
Aos 39 anos, João Aguardela não resistiu a um cancro. Quando soube da notícia, a primeira coisa que me lembrei foi "Esta vida de marinheiro". A grande música dos Sitiados, uma delas, que lançou a banda e deu a conhecer ao país alguém, o João Aguardela, com talento e vontade de dar uma lufada de ar fresco ao panorama musical português. Marcou, sem dúvida, a minha adolescência, muitos são, certamente, aqueles que ainda hoje se lembram da letra desta música e de outros grandes sucessos. Soube sempre reinventar-se e ganhou um respeito difícil de se alcançar neste país. Deixo o obituário do Público, no qual alguns colegas falam sobre ele.

1969-2009
Obituário: João Aguardela, o músico pop das raízes portuguesas
19.01.2009 - 19h15 Vítor Belanciano e Henrique Mourão
Foi ontem, no hospital da Luz, em Lisboa. João Aguardela, músico do grupo Sitiados nos anos 90 e, actualmente, membro do colectivo A Naifa, faleceu aos 39 anos, de cancro. A cerimónia fúnebre é amanhã, pelas 16h00, no cemitério do Alto de São João, em Lisboa.

Aguardela fundou os Sitiados em l987, liderando, cantando e tocando baixo. Foi com esse projecto que começou a dar nas vistas na década de 90. Desde cedo ficou explícito que a sua ideia era combinar música tradicional portuguesa com linguagens como o rock ou a pop, um desígnio de fusão que nunca abandonou, como se constataria mais tarde com A Naifa e Megafone.

O músico Jorge Buco esteve com ele desde o início. “Trabalhei com ele 17 anos, era espontâneo, criativo, sempre insatisfeito. Com ele, ou era para fazermos alguma coisa nova ou mais valia estarmos quietos. Tive a felicidade de ajudá-lo a pôr de pé muitas dessas ideias.”

O amigo, e guitarrista dos Xutos & Pontapés, Zé Pedro, recorda-se dos primeiros tempos dos Sitiados. “Tiveram uma entrada de rompante e foram uma lufada de ar fresco”, diz, ao mesmo tempo que recorda alguém que “era entregue à causa” da música e que, em palco, era um “frenesim, aquilo a que se chama um 'animal de palco’.”

“Deixa um grande legado para a música portuguesa”, afirma Carlos Moisés, cantor dos Quinta do Bill, da mesma geração que Aguardela, tendo gravado com ele Senhora Maria do Olival, para a antologia Filhos da Nação.

“Teve um percurso singular, experimentando música tradicional portuguesa com outras roupagens. Tinha paixão pelo tradicional, mas vivência urbana”, diz, lembrando que quando começou Aguardela tinha 17 anos. “Era o mais novo de nós. Tinha um lado interventivo, inconformado.”

Em 1992, os Sitiados editaram o álbum homónimo de estreia com o tema "Vida de marinheiro", que conheceu enorme sucesso, conseguindo que o grupo vendesse cerca de 40 mil exemplares. O segundo álbum, "E Agora?", é editado no ano seguinte e em 1994 a banda integra o projecto de tributo a José Afonso, Filhos da Madrugada.

O "Triunfo dos Electrodomésticos", em 1995, Sitiados, em 1996, e "Mata-me Depois", em 1999, foram os álbuns que se seguiram. Em 2000 dão por encerrado o grupo.

Para além dos discos, distinguiam-se pelos concertos foliões e por letras onde não se coibiam de comentar a realidade social portuguesa. Uma das suas canções mais emblemáticas, "A cabana do pai Tomás", apesar do tom de fábula, era sobre o escândalo Taveira.

Um ouvido no tecno, outro no folclore

Em 1996, numa entrevista ao PÚBLICO, Aguardela interrogava-se “porque raio não há em Portugal música de dança de raiz popular?”, numa alusão ao facto de haver quem não aceitasse que combinassem tipologias tecnológicas, como o tecno ou rap, com folclore.

Esse foi sempre o seu propósito. O projecto solitário, Megafone, voltava a denunciá-lo. O álbum homónimo, de 1997, era uma selecção de electrónicas acopladas a recolhas etnográficas – feitas por José Alberto Sardinha e Michel Giacometti – de cantos tradicionais. Era também uma aposta pessoal de Aguardela, que acreditava – antes do assunto se ter banalizado – que era possível lançar discos à revelia das editoras.

Os três álbuns seguintes de Megafone seguiram os mesmos pressupostos, misto de cidade e campo, música popular e urbana, actualização de recolhas de música tradicional portuguesa por via electrónica.

“Às vezes sinto que sou tradicional demais para o meio pop e que sou pop demais para o meio tradicional”, dizia ao PÚBLICO em 1997, a propósito de Megafone.

A sua outra obsessão era a palavra. Em 2002, na companhia de Luís Varatojo, e uma série de vocalistas convidados, criou o projecto Linha da Frente, na tentativa de musicar poetas. Entre essas vozes estava a de Viviane (ex-Entre Aspas) que recorda que “tinha uma forma inovadora de fazer música”, realçando que “deixa um vazio difícil de preencher porque associava, como ninguém, a cultura portuguesa com coisas recentes”.

Como consequência dos Linha da Frente, nasce em 2004 A Naifa, ao lado mais uma vez de Varatojo, com palavras de poetas portugueses para guitarra portuguesa e voz de fado melancólica sobre ritmos electrónicos lânguidos.

Com três álbuns – o último dos quais é "Uma Inocente Inclinação Para o Mal" de 2008 – o projecto impôs-se, apostando na recriação do fado, sacudindo mais uma vez as raízes e as memórias portuguesas.

Porquê essa obsessão? Talvez por isto: “se me perguntasse: 'gostava que Portugal fosse diferente?’ Sim, gostava, não me contento com o que é”, dizia ao PÚBLICO há dois anos.

sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

Portugal no seu melhor

Não, não vou mostrar as habituais e fantásticas fotos do incrível do nosso país, mas sim contar uma história que mais parece uma argumento para uma série cómica. Antes de mais, aconteceu mesmo!

Vamos até Paredes de Coura. Eis que no tribunal surge um indivíduo acusado de furto de viaturas. Parece que o currículo até é extenso, pois além de Portugal, já demonstrou os seus dotes em Espanha e França. A juíza mandou-ou embora com obrigatoriedade de voltar a apresentar-se dentro de 15 dias. O indivíduo agradeceu, mas deparou-se com um problema: não tinha como veículo para se deslocar. Não vai de modos. Saiu do tribunal e roubou o carro do presidente da Junta de Freguesia!!!!

Mas calma. Ainda não acabou. O carro acabou por ser encontrado atolado em Vila Nova de Cerveira. O indivíduo pediu ajuda a outro condutor para libertar a viatura. O que é que fez? Roubou o carro de quem apenas o quis ajudar.

A fuga terminou no portinho de Vila Praia de Âncora, onde a Polícia Marítima de Caminha acabou por surpreender o larápio a tentar roubar um barco!!!

Voltando ao carro do presidente da Junta. Ficou com uns riscos e uma porta danificada. O dono diz que o arranjo é no valor de 300 a 400 euros e pergunta se agora deve mandar a conta ao tribunal, inconformado que estava com a situação. Talvez deva pedir boleia à juíza enquanto o seu carro está a ser arranjado... É a justiça no nosso país a funcionar...