domingo, 24 de setembro de 2006

Há 15 anos...
O histórico albúm dos Nirvana, Nevermind, faz hoje 15 anos de vida. Foi colocado à venda a 24 de Setembro de 1991 e rapidamente se tornou num fenómeno universal que marcou uma geração, impulsionado pelo inagualável tema Smells Like Teen Spirit. Seria também o princípio do fim de Kurt Cobain, mas a sua obra é ainda hoje adorada por milhões e continuará a influenciar quem ouvir. Adorados por uns, odiados por outros, a verdade é que os Nirvana tornaram-se numa daquelas bandas que passe o tempo que passar, jamais serão esquecidos. Serão sempre uma referência da música e do grunge (que entretanto foi banalizado até ser "morto"). E o Nevermind é o grande responsável por isso, apesar de grandes canções se encontrarem noutros dos trabalhos do grupo de Seattle.
E por falar do jornal Sol, na sua página da internet vem um excelente artigo sobre este data. Aqui fica:

Nirvana
O som e a fúria
Por Vladimiro Nunes
O lançamento de Nevermind, há 15 anos, ditou a ascensão dos Nirvana ao estatuto de reis do rock, mas marcou também o princípio do fim de Kurt Cobain

Quando o segundo álbum dos Nirvana chegou às lojas, ninguém antecipava uma revolução à escala planetária na cultura pop.
Embora a imprensa musical britânica estivesse, desde há algum tempo, atenta ao novo som que chegava de Seattle, apesar da monotonia instalada na MTV, nas tabelas de vendas e nas rádios americanas, não era evidente que uma banda de rock alternativo recém-contratada por uma grande editora pudesse tomar o mundo de assalto.
Havia, é certo, o inegável talento de Kurt Cobain para condensar a fúria ruidosa dos Black Sabbath e as melodias orelhudas dos Beatles em canções perfeitas, elevadas à potência máxima pela poderosa secção rítmica constituída pelo baixista Chris Novoselic e pelo baterista Dave Grohl. Mas o que fez toda a diferença foi o facto de Nevermind ter sido o disco ideal no momento oportuno, catalisando de forma honesta e directa a revolta, o tédio e as angústias da Geração X, até então ansiosa por uma voz que apelasse à sua verdadeira essência.
A 24 de Setembro de 1991, a Geffen distribuiu por todo o território americano as primeiras 46 251 cópias de Nevermind. Duas semanas depois, o disco entrava para a 144ª posição na tabela de álbuns da Billboard. No final de Outubro, já era disco de ouro nos Estados Unidos. Em Dezembro, as vendas semanais ultrapassavam as 300 mil unidades e, no início de 1992, aconteceu o impensável: Nevermind aterrou no primeiro lugar do top, destronando Dangerous, de Michael Jackson.
A alavanca para o sucesso foi Smells Like Teen Spirit, o primeiro single extraído do álbum. Embora hoje a escolha pareça óbvia, na altura a editora encarou-a como um compasso de espera até à aposta em força na bem mais suave Come As You Are. Não foi preciso esperar: a MTV, as rádios e o planeta renderam-se a Teen Spirit. O resto é história: a incapacidade de Cobain para lidar com os ditames da fama, o casamento com Courtney Love, a heroína, a ressaca, o suicídio, o mito.
A ironia trágica de tudo o que veio depois estava já encapsulada na icónica capa de Nevermind. O bebé submerso que procura alcançar a nota de dólar presa ao anzol pode ser interpretado como uma metáfora da sagacidade ingénua de Cobain, que respondeu à tentação do sucesso com um álbum demasiado comercial para o seu gosto e acabou por morder o fatídico isco, convencido de que seria possível voltar atrás. «Vendemos oito milhões de discos e agora deixam-nos fazer aquilo que queremos», disse ao biógrafo oficial dos Nirvana, Michael Azerrad.
Em meados de 1993, quando chegou a altura de gravar o sucessor, fez o que lhe restava fazer e exorcizou os seus demónios de forma deliberadamente crua e catártica. In Utero foi o canto do cisne berrado a plenos pulmões. As letras, cuja urgência biográfica Cobain sempre desvalorizara, expressavam agora uma sinceridade primordial que, poucos meses mais tarde, culminaria no gesto definitivo de auto-aniquilação.
in Sol

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