domingo, 29 de janeiro de 2006

Doping no xadrez
Há poucos dias saiu um excelente trabalho sobre o tema que dúvido que a maioria alguma vez tenha pensado: doping no xadrez. Peça muito interessante escrita pelo jornalista do Diário de Notícias Cipriano Lucas e que transcrevo neste blog.

O 'doping' inteligente para jogadores de xadrez

Os controlos antidoping chegaram ao xadrez. Betabloqueantes, moléculas, hormonas, esteróides, tranquilizantes, antidepressivos são apenas são algumas das substâncias que os médicos das agências antidopagem procuram na urina dos jogadores de xadrez.
Quando se questionam os xadrezistas sobre a existência de substâncias proibidas na modalidade estes respondem "O xadrez é um desporto mental e não físico. A mente não tem nada a ver com produtos químicos."
"Todavia, os produtos químicos podem alterar - para o bem e para o mal - as capacidades intelectuais, como demonstram os inúmeros estudos médicos com psicofármacos e drogas inteligentes", defende o espanhol Juan Carlos Ruiz no livro Drogas Inteligentes, o primeiro trabalho publicado em Espanha sobre este tema. Um jogador de xadrez precisa apenas de realizar alguns movimentos físicos, com uma das mãos, para mover uma peça ou accionar o relógio que regula o tempo da jogada. É um actividade puramente intelectual. Os processos de pensamento são realizados no cérebro, um órgão composto por milhões de neurónios interligados por sinapses. A actividade do cérebro consiste nas neurotransmissões que tem lugar entre elas. Por sua vez, os neurotransmissores são substâncias químicas internas e os seus processos podem ser alterados por produtos químicos introduzidos no corpo desde o exterior. Desta forma, "os processos cognitivos podem ser modificados com suplementos variados, naturais e de síntese, assim como vitaminas e aminoácidos, entre outros", defende Juan Carlos Ruiz.
Portugal é pioneiro
Portugal foi o primeiro país a implementar o controlo antidoping nas competições de xadrez, após a Federação Internacional (FIDE) assumir que queria integrar esta disciplina nos Jogos Olímpicos de Verão. Para isso aderiu aos regulamentos da Agência Mundial Antidopagem (AMA).
Os especialistas da modalidade estranhavam o rendimento de mestres como Kasparov e Karpov. Nunca se provou nada porque eles nunca foram controlados, mas as dúvidas persistem. Todavia, apesar de ser um desporto intelectual, ninguém tem dúvida que é difícil manter a frescura física e intelectual num torneio de 15 dias, com partidas diárias que podem chegar às seis horas.
"Hoje é muito difícil um jogador com mais de 50 anos chegar ao título mundial... muito mais por culpa da preparação física do que por questões intelectuais", defende o mestre António Pereira dos Santos. "Kasparov, com apenas 22 anos, já era campeão, mas abandonou com 41 anos." acrescenta, defendendo que "a memória no xadrez é importante ... mas não é determinante".
O mestre Joaquim Durão, presidente da Federação Portuguesa de Xadrez, está convencido que há substâncias que podem ajudar a melhorar a capacidade intelectual. "Uma partida é um teste. Como tal, é possível que alguns produtos ajudem na concentração". O antigo campeão português recorda que, "quando competia no estrangeiro, surgiam jogadores com comportamento estranhos". E na altura já se questionava "Se calhar estão dopados?"
in Diário de Notícias (24 de Janeiro de 2006)

1 Comentários:

Às 25/2/06 23:11 , Anonymous Anónimo disse...

Duvido e não dúvido. Está atenta miúda. Até porque a ideia do Cipriano era interessante, as tuas...

 

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